quarta-feira, 14 de agosto de 2019

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E se pudéssemos parar as locomotivas que carregam minério? Parar as sondas que detectam hidrocarbonetos e minérios no solo; Parar as refinarias de petróleo; parar as máquinas que extraem ferro, bauxita, ouro etc.? E se pudéssemos parar os desastres que se anunciam a todo o momento? Estamos tão obcecados pelas nossas máquinas e técnicas – usadas para produzir outras máquinas que nos criam desejos cada vez mais frugais – que já não conseguimos perceber outros sons que não sejam os desse projeto de mundo. As vozes daqueles que resistem, que sonham, ou tentam, persistentemente, viver suas vidas já não são mais ouvidos e aos poucos vamos perdendo a crença na possibilidade de que outras formas de viver sejam possíveis. No tempo das catástrofes é preciso construir ouvidos que escutem Gaia, e sua intrusão como sugeriu Isabelle Stengers “a resposta a ser criada não é uma ‘resposta à Gaia’, e sim uma resposta tanto ao que provocou sua intrusão quanto às consequências dessa intrusão”. Mas, como podemos criar essa resposta se não conseguimos ouvi-la? Na barragem que se rompe é possível ouvir o som da Gaia ofendida, indiferente aos responsáveis pela ofensa, ela simplesmente é afetada e reage. Nós precisamos ouvi-la. Nosso trabalho apresenta uma proposta de escuta que passa pelo gesto de cada espectador.

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